No dia 27 de agosto de 1964 nascia a profissão de psicólogo no Brasil, regulamentada pelo Decreto de Lei nº 4.119. Passados 56 anos, muitas mudanças ocorreram.
Ao nascer em meio a um momento político conturbado em nosso país, a psicologia foi usada para identificar os supostos "loucos", passando a assustar a sociedade. Durante muito tempo psicólogos foram vistos como aqueles que identificavam doentes mentais e colaboravam para trancafiá-los em manicômios.
Com a mudança dos rumos políticos do Brasil e o fim dos manicômios, por conta da Luta Antimanicomial que culminou com a Reforma Psiquiátrica iniciada na década de 80 e ainda incompleta, o doente mental passou a conviver com mais humanização, estando integrado à sua família .
Através das Leis Federais 8.080/90 e 8.142/90, foi criada a rede de atenção à saúde mental, junto com a implementação do SUS (Sistema Único de Saúde). Essas leis delegam ao Estado a responsabilidade de promover um tratamento em comunidade, tornando possível a liberdade de ir e vir dos pacientes, como um dos direitos de todo cidadão e não mais a internação e o isolamento, contando com os serviços de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs) e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III).
Em 2001 foi promulgada a Lei Paulo Delgado 10.216/2001, que trata dos direitos dos portadores de doenças mentais , mas também impede as internações compulsórias sem o conhecimento do paciente ou de familiares responsáveis. Os internamentos só poderão ser feitos com um laudo médico e quando o paciente for uma ameaça a si mesmo ou a outros. O médico passa a ser obrigado a informar ao Ministério Público tanto sobre a internação quanto no momento da alta do paciente.
Todas essas ações ao longo de décadas contribuíram para que a doença mental possa ser seja vista de forma mais humana e que os tratamentos estejam adaptados para a promoção de controle e inserção do paciente na vida social. Contudo, muito ainda precisa ser mudado, para que tenhamos o fim da estigmatização dos problemas de saúde mental.
Diante desse quadro, o papel do psicólogo sofre alterações importantes para melhor. Esse profissional passa a ser uma peça primordial no tocante à inclusão do indivíduo que sofre com alguma patologia psíquica, pois é aquele que vai ajudar a promover as mudanças emocionais e comportamentais na vida da pessoa dentro do convívio social e não mais trancafiados em instituições para "doentes mentais".
A psicologia agora é reconhecida como importante na promoção e manutenção da saúde e participa de forma enfática de todos os segmentos de nossa sociedade, desde as escolas, empresas, hospitais, tendo sua atuação ampliada para ajudar na melhora de performance de administradores e esportistas e na promoção de qualidade de vida das pessoas de forma geral.
Mais recentemente, com o crescimento de várias vertentes de manejo psicológico que lançam o olhar sobre a prevenção e promoção de bem estar, estamos visualizando um novo rumo ao trabalho com a saúde mental. Esse novo caminho leva o psicólogo a atuar antes que o adoecimento aconteça, ajudando as pessoas a valorizarem o que de melhor a vida possa lhes ofertar.
Devemos colaborar com o esclarecimento da vasta atuação da psicologia na vida, para que possamos, de maneira crescente, colaborar com menos adoecimento mental e mais investimento em uma existência saudável para manutenção da saúde de forma global.
A doença mental está sendo olhada, hoje, de maneira mais natural que há 50 anos e isto merece ser comemorado!