Essa semana estava conversando com uma amiga sobre o "poder da empatia" e de como as pessoas confundem "empatia" com "simpatia". A simpatia, dentre outras coisas, é a habilidade de fazer com que as pessoas gostem de você, mas não é sinônimo de empatia.
Um ser empático é uma criatura iluminada pela capacidade de, momentaneamente, colocar-se no lugar do outro para perceber e sentir determinada situação como se nele mesmo fosse. Essa capacidade de olhar com a perspectiva de seu semelhante vai além de uma simples interpretação de fatos e abrange sensações e sentimentos, tanto de felicidade, alegria e prazer, como de aflição, angústia e tristeza...
É sendo empático que eu transformo relações de preconceito em relações de respeito ao semelhante.
Conhecer a realidade do "outro" e tentar sentir como esse ser, que não sou eu, percebe e se relaciona com o mundo, é uma ação poderosa, pois faz bem para quem é o objeto da relação empática e para quem pratica a empatia.
Como praticar essa tal "empatia"?
Para desenvolver empatia é necessário saber ouvir. Procurar entender o outro sem pré julgamentos, percebendo as razões que levam alguém a agir de determinada maneira.
É necessário, como pré requisito, que eu tenha inteligência emocional e perceba que por mais que eu tente sentir como a outra pessoa sente, minhas impressões sempre estarão carregadas de muito do que eu sou. Aceitar que nossa história de vida molda nosso olhar para o mundo, nos ajuda a entender as diferenças de pensamentos e ações.
Um estudo na Universidade da Califórnia (UCLA), listou 500 adjetivos de pessoas empáticas. Os principais adjetivos foram transparência de intenções (sinceridade) e capacidade de compreender o outro, mesmo que esse outro pense diferente de mim.
Augusto Cury classifica empatia como uma das funções mais importantes da inteligência, apontando para o nível de maturidade da pessoa.
Tenho observado ao longo de minha jornada enquanto professora, durante os 33 anos no magistério e de mais de 20 anos como psicóloga, algumas características que definem pessoas empáticas, tais como: prestar de fato atenção ao outro, capacidade de ser agradável e sincero, perguntar mais que afirmar, curiosidade genuína ou seja interesse pelo outro, não emitir julgamentos e sim impressões que podem mudar diante de argumentos e vivências (capacidade de resiliência), propensão a resolução de problemas, buscar a coerência e possuir linguagem corporal de acolhimento.
Pessoas que desenvolvem empatia são pessoas mais felizes e adoecerão menos, pois gozam de flexibilidade suficiente para encontrarem no diferente possibilidade de crescimento!
A capacidade de empatia deve ser estimulada na educação das crianças pelos pais e família. Pais pouco empáticos geralmente criam filhos insensíveis com a dor ou a alegria do outro e, portanto, egocentrados.
A falta de empatia está na base de algumas formas de adoecimento emocional, tais como acontece no Transtorno de Personalidade Borderline e na Psicopatia.
É a falta de empatia que leva a humanidade a cometer muitos dos atos de desrespeito com o direito do outro de exercer seu livre arbítrio, que limita possibilidades e fecha o caminho do entendimento, facilitando o aparecimento nas sociedades das injustiças e dos aprisionamentos às visões cristalizadas de mundo. Só o reconhecimento da riqueza que a diversidade nos proporciona e o olhar de aceitação do diferente, poderá trazer às pessoas o reconhecimento do outro como indivíduo único e legítimo, compreendendo que o meu direito termina, quando o do meu semelhante começa.
Considero a empatia essencial para que as sociedades deem um salto quântico na direção do aperfeiçoamento da humanidade.