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O corpo fala por meio de sintomas físicos

Ao longo da história da Clínica Psicossomática fica evidente que, quando o ser humano não fala de seus desejos, angústias, necessidades, medos e vontades, seu corpo encontrará uma maneira de expressar tudo que está represado e oprimido emocionalmente. Daí a expressão "o corpo fala", que dá base para todo o trabalho do psicólogo no processo de ajuda ao paciente somático.

O corpo pode falar de várias maneiras. Costumo dizer que possuímos uma espécie de "sensor" que identifica o órgão ou sistema mais frágil em nosso biológico e diante de uma grande fonte de estresse este órgão ou sistema será o alvo de "choque" para expressar o que a pessoa não consegue dizer ao mundo. Então, podemos dizer que o sintoma surge para sufocar a dor da angústia, tomando o lugar desta e encobrindo algo de maior importância, mas que nosso consciente abafa por não suportar lidar: o corpo físico fala pelo psíquico.

No entanto, muitos profissionais de saúde descartam a possibilidade de uma pessoa estar com uma doença psicossomática e até muitos psicólogos não são preparados academicamente para cuidar de pacientes psicossomáticos. Tenho observado que nas grades curriculares do curso de Psicologia apenas uma ou duas disciplinas contemplam o olhar para o adoecimento orgânico como um grito de socorro do psíquico. Muitos acreditam que as doenças não classicamente psiquiátricas possuem somente causa orgânica.

Segundo Volich (1998/2007), "O discurso cultural há muito incorporou o verbo “somatizar” e as suas conjugações podem revelar desde o desprezo pela queixa daquele que sofre, até uma tentativa de sugerir uma explicação salvadora para uma doença cuja etiologia e desenvolvimento teimam em permanecer refratários a todos os procedimentos médicos" (apud ASSIS, 2013).

Surge daí a importância de preparar o profissional de saúde, e principalmente médicos e psicólogos, para desenvolverem um olhar apurado para as formas de adoecimento orgânico consideradas autoimunes ou que apresentam uma sintomatologia que não é confirmada diretamente pelos exames clínicos.

O paciente que apresenta essa forma de sofrimento será amplamente beneficiado por um profissional que consiga estender seu olhar e incluir uma equipe interdisciplinar que acolha o indivíduo em sua totalidade, considerando psíquico e orgânico como duas instâncias de um mesmo ser que sofre.

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