Ontem foi o dia dos pais. Fui ao shopping e observei várias famílias indo aos restaurantes que estavam lotados. Fiquei refletindo sobre o simbolismo deste dia... Muito se fala sobre o valor da mãe na relação com os filhos. E o valor do pai? E o papel do pai na formação da criança? Pouco se fala.
Imagino que por conta do marcador visceral da ligação mãe x bebê, a mãe ganha um papel de destaque na criação dos filhos e na valorização de seu sentimento. Sou mãe e sei da importância dessa ligação que envolve um sentimento incondicional.
Mas, voltando á relação paterna, tenho visto com grande alegria uma significativa mudança na conduta masculina, no tocante a participação real na vida cotidiana dos filhos. Homens que assumem a paternidade com toda a carga de sentimento e afeto que nela esta inserida. Não só levam para escola, ensinam as tarefas; não só pagam as contas, levam ao shopping e ajudam nas escolhas das roupas, ministram os remédios, dão banho e cuidam tão bem quanto as mães.
Semana passada estava em determinado restaurante em Recife e observei uma família que fazia refeição na mesa em minha frente. A família era composta por um rapaz de mais ou menos 30 anos, uma garotinha de uns 2 aninhos e um casal na faixa dos 60 anos. Conclui que se tratava de pai, filhinha e avós paternos. Não havia uma pessoa que configurasse a figura materna ou uma outra que fosse um cônjuge ou parceiro/parceira do rapaz.
Em situações clássicas como essa, naturalmente a avó assumiria os cuidados com a menininha. Mas, para minha agradável surpresa, era o pai que estava cuidando, com maestria, desse papel. Ele, com muito carinho, fez o prato da criança, observou a garota comendo e posteriormente levantou-se e com a menina nos braços se dirigiu ao lavabo. A avó saboreava sua refeição calmamente enquanto observava a cena e brincava com a neta. Sai do restaurante feliz com o que havia visto!
Pais presentes são extremamente importantes na vida dos filhos. O afeto do cuidado, da participação da rotina junto com a mãe ou com a pessoa que compartilha a criação daquele ser em formação, contribui de maneira intensa na transformação anos após em um adulto seguro, com estima saudável e com relacionamentos estáveis.
Vale salientar que não me refiro a pais que vivem juntos apenas. Pais separados devem ser ainda mais presentes por não estarem na rotina diária. Claro que tudo isto dá muito trabalho! Mas o resultado final resume-se a muito amor ao longo do caminhar da vida.
Como psicóloga, saliento que esses sinais apontam para novos tempos na configuração das atribuições dos pais no tocante a cuidar, o que acarretará maior proximidade do casal . Todos só ganham!